quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Especificidade do treino: Até que ponto?


Muito se tem falado sobre a especificidade do exercício para determinada modalidade, um dos pilares do treinamento desportivo. Esse post colocará a importância dessa especificidade, enfatizando até que ponto é vantajoso.
Quando falamos em especificidade do exercício, isso diz respeito ao gesto que o atleta desempenha para seu desporto ou posição, um corredor de rua por exemplo, não terá o mesmo resultado no treinamento caso use uma bicicleta ergométrica no seu treinamento quanto se usar os treinos de corrida propriamente ditos. Claro, isso é comprovado por inúmeros estudos, a especificidade tem um papel fundamental para o desempenho do atleta de alto rendimento. Mas e quanto ao atleta que está ali com você na academia, amador, que não pode fazer um programa de treinamento ideal, que muitas vezes já sofre com dores no joelho devido aos impactos constantes, muitas vezes, ir com ele fazer treinos funcionais, elaboradíssimos pode sim incentivar, mas o que o profissional deve ter em mente é: será que adiantando esse processo de especificidade, você não está limitando seu atleta?
Veja bem: Imagine seu atleta e a 'reserva de potencial' que ele possui, essa reserva de potencial é como se fosse uma pirâmide e seu atleta está na base dela, larga. A largura dessa pirâmide diz respeito a variedade de estímulos que trarão resultados satisfatórios a ele, a altura da piramide aponta a capacidade de evolução de seu atleta.
Ou seja, no início do programa de treinamento, em que seu atleta se encontra na base dessa pirâmide, os estímulos mais simples terão o mesmo resultado que os estímulos elaborados, utilizando todo seu acervo de estímulos nessa etapa seria 'queimar cartucho' a toa, pois um estímulo mais simples traria o mesmo resultado e, adiantando esse novo estímulo, você pode estar tornando aquele outro mais simples ineficaz para o atleta. Isso pode gerar uma limitação, com o tempo, mesmo seu estímulo elaborado, perderá a eficiência e você terá que buscar um novo de forma precoce. A eficácia do treinamento pode ser comprometida por uma escolha precipitada do treinador.
Outro ponto a se observar, é que muitas vezes quando se treina um atleta de determinada modalidade, dessa vez deixando a corrida de rua de lado, levando para a força: Um atleta do arremesso de peso ou de dardos.
Quando se fala da especificidade do treinamento de força, temos que ser bem claros nos seguintes pontos: o equilíbrio muscular, que diz respeito não somente a hemilados do corpo, mas também a músculos agonistas e antagonistas e; à harmonia do sistema músculo-esquelético.
O equilíbrio muscular é importante pois, mantendo o atleta de arremesso de peso: O mais importante para ele é ter a musculatura do seu gesto esportivo trabalhado (Peitoral, Tríceps...), então, bastaria treinar eles e 'esquecer' o resto do corpo, certo? Bom, então tá, treinaremos os dois lados, mas apenas dos músculos do gesto específico. Bom, se nós somos da área da saúde, devemos prezar pela saúde do atleta e nesse caso, lembrar de um ponto importante: qual um dos fatores que facilitam a lesão muscular? O desequilíbrio muscular, que não significa apenas ter o braço direito do mesmo tamanho ou com uma margem de diferença 'saudável' do esquerdo, mas leva em conta a relação entre agonistas e antagonistas. Mas você me pergunta: Qual a importância do grupo muscular das costas e do bíceps para o atleta? A resposta é simples: O bíceps é um dos responsáveis por 'frear' o movimento de extensão do cotovelo, que faz parte do arremesso. Se o bíceps não tiver uma força suficiente para evitar o 'tranco' da extensão que o tríceps treinado exerce, o resultado será inúmeros impactos na articulação do cotovelo, além de uma possível lesão no próprio bíceps, que tentou exercer uma força maior que a que é capaz de suportar. Resultado: atleta de molho até melhorar da lesão no antagonista do movimento, sua periodização indo por água a baixo e quem sabe até seu trabalho como preparador físico ou treinador.
Quanto a harmonia do sistema músculo-esquelético que foi citada é relacionada à importância não somente dos principais músculos do gesto, pois todo o corpo deve se mover de forma harmoniosa para que o gesto seja beneficiado não somente por uma pequena porção do corpo, mas por toda a extensão do corpo. Um corpo deve ser treinado como um todo para que possamos nos ater a uma pequena porção dele, pois o mais importante é que o corpo esteja preparado para responder de forma ideal ao estímulo que lhe foi solicitado, em especial quando falamos de atletas, em especial quando falamos de nossos atletas, e acima de tudo, em especial quando falamos de PESSOAS.
Espero que esse artigo postado no meu blog sirva de ajuda para muitos colegas da área, para que possamos caminhar juntos na nossa valorização.
Agradecimentos: ao Profº. Igor, que me passou boa parte desse conhecimento na minha época no Núcleo de Estudos e Pesquisa da Aptidão Física- NEPAF (Laboratório de Fisiologia do Exercício da FEFISA);
Ao Profº. Ricardo Zanuto, ao Profº. Alexandre Romero e ao Profº. Waldecir Lima que são meus professores da graduação de matérias importantes para a escrita desse artigo acima.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Futebol Americano, emagrecimento e desenvolvimento


Um esporte que tem crescido - e muito - no Brasil é o Futebol Americano. Sim, aquele mesmo, em que os jogadores, com roupas apertadas, capacetes e ombreiras se confrontam em busca da área de pontuação com corridas, passes incríveis e jogadas ensaiadas, o famoso Touchdown.
Porém esse esporte, ainda estigmatizado e desconhecido pela população não tem como único ponto a se observar essa tal ‘violência desnecessária’ digo entre aspas, pois as regras dessa modalidade sofrem constante modificação de forma a proteger o jogador e o contato nesse esporte é mais limitado que parece quando se assiste. Existe toda uma parte tática, cada jogada que será utilizada em um jogo é treinada, lapidada até ser executada com maestria, o que exige dos jogadores além de muita disciplina, concentração, visão tática, velocidade na tomada de decisões, isso sem contar as melhorias no aspecto físico do praticante.
Não é necessário ser um atleta de ponta para praticar esse desporto, tendo em vista a grande variedade de posições e funções que se tem em campo, por exemplo, um garoto franzino pode muito bem se tornar um recebedor de passe, ou um marcador individual, conforme seu desempenho em campo demonstrar. O mesmo ocorre no extremo oposto, um garoto obeso por exemplo, no futebol inglês, em raras exceções, acabaria muito provavelmente sendo o ultimo a ser escolhido, ou nem jogaria, já no futebol americano, ele pode desempenhar uma função vital para sua equipe: ele pode ser o jogador da linha de ataque, a responsável por dar tempo ao ‘armador’ (Quarterback) do seu time para realizar a jogada de forma adequada.
Football, como é conhecido nos Estados Unidos, é um jogo com características de demanda energética do sistema anaeróbio alático, pois consiste em series de jogadas ensaiadas que tem duração, em geral, entre 3 e 7 segundos cada, sendo que esse tempo é muito intenso, tanto para a equipe que ataca quanto para a que defende e após cada jogada se pode ter um intervalo de até 40 segundos. Como estudos têm mostrado, exercícios vigorosos como o futebol americano leva a um gasto elevado de calorias, que contribuem para o balanço energético do indivíduo se tornar negativo (a energia gasta é maior que a consumida), que é o ponto principal para um programa bem sucedido de emagrecimento. Por ser um desporto coletivo, a socialização e a sensação do jovem de que tem um papel importante para sua equipe faz com que a pratica se torne mais prazerosa, o que diminui o índice de desistência por parte do praticante, que é o grande desafio do educador físico.
Essa prática regular, que como citada acima leva o sujeito a um balanço energético negativo, fazendo com que ocorra queima de gordura corporal, além das outras adaptações que o exercício promove, melhoram a qualidade de vida do praticante, melhoria em aspectos psíquicos, como a rápida tomada de decisões, o respeito a hierarquia, a disciplina, respeito ao adversário, auto-conhecimento, melhora da auto-estima.
No quesito desenvolvimento de capacidades físicas e suas habilidades, essa variação do Rugby inglês melhora a força, equilíbrio, coordenação motora grossa e fina, em determinadas posições velocidade, agilidade. A consciência corporal também melhora consideravelmente.
Com isso, se vê nesse desporto - que possui variações menos violentas, como o ‘flag football’, ou futebol de bandeira, que no lugar das fortes pancadas para derrubar o adversário e terminar a jogada, cada jogador carrega na cintura uma fita e, assim como na brincadeira de rouba bandeira, a jogada termina quando essa fita é arrancada da cintura pelo jogador adversário - uma opção para desenvolver e melhorar a qualidade de vida do jovem ou do adulto.

Diogo Heitor do Nascimento, Graduando em Educação Física Bacharelado - FEFISA, Faculdades Integradas de Santo André, Coordenador de Linha Ofensiva da Associação Esportiva Cougars Football, Santo André, 2011